O Programa P fornece estratégias e atividades concretas, baseadas em evidências e uma década de adaptações em diferentes cenários, para envolver os homens com suas parceiras em uma paternidade atenciosa, equitativa e não violenta, desde a gravidez de suas companheiras até os primeiros anos de vida de seus filhos.

Trabalhar com homens como pais é um ponto de partida fundamental para discutir assuntos delicados em torno das normas tradicionais de gênero e a forma como essas normas impactam negativamente as comunidades. Por meio de guias de discussão, dramatizações e atividades práticas (como aprender a trocar fraldas), homens e suas parceiras são incentivados a discutir e desafiar as normas tradicionais masculinas e injustas de gênero e a praticar comportamentos sociais mais positivos em suas famílias e comunidades.

Fundo

O programa P tem o nome de padre e pai, as palavras para pai em espanhol e português. Parte do Campanha MenCareO Programa P é uma resposta direta e direcionada à necessidade de estratégias concretas para envolver os homens na paternidade ativa desde o pré-natal até o parto, o nascimento e os primeiros anos de vida dos filhos. O Kit de Ferramentas do Programa P inclui um guia passo a passo para criar e lançar campanhas comunitárias para promover cuidados positivos e envolventes.

Desenvolvido em parceria com o Instituto Promundo, Puntos de Encuentro na Nicarágua, CulturaSalud no Chile e o Ministério da Saúde do Brasil, o programa tem três componentes: (1) oferecer informações e ferramentas para profissionais de saúde, (2) fornecer metodologias estruturadas para facilitar atividades em grupo para pais e casais e (3) fornecer orientação para a elaboração de campanhas comunitárias. Ao direcionar os homens para áreas como saúde, primeira infância, proteção social, local de trabalho ou outros espaços comunitários, o Programa P envolve pais e suas parceiras em um momento crítico – durante a gravidez de suas parceiras ou os primeiros anos de vida de seus filhos – quando eles provavelmente estarão mais abertos a adotar novos comportamentos de cuidado e equidade.

Adaptações

O Programa P foi adaptado e/ou implementado com parceiros em pelo menos 18 países ao redor do mundo, incluindo: Nicarágua, Chile, Brasil, Indonésia, Ruanda, África do Sul, Sri Lanka, Líbano, Bolívia, Rússia, Guatemala, Índia, Armênia, Haiti, Gana, Nigéria, Bangladesh e Moçambique. Em certos contextos, como na Índia e na Armênia, a metodologia foi adaptada para abordar questões específicas: casamento infantil e seleção pré-natal do sexo, respectivamente. Em Bangladesh, o currículo se concentra no combate à violência contra as mulheres e à violência contra as crianças.

Programa P – Desenvolvimento na Primeira Infância (Programa P–ECD)

O Programa P–ECD é uma adaptação do Programa P, desenvolvido para envolver homens e suas parceiras como pais não violentos e protetores de crianças de 0 a 3 anos por meio de educação em grupo para pais.

Evidências mostram que cuidadores solidários — incluindo pais — que fornecem cuidados adequados às necessidades das crianças durante a primeira infância são essenciais para o desenvolvimento integral saudável, melhoram a qualidade dos relacionamentos familiares, previnem a violência e podem mitigar e até mesmo reverter os efeitos prejudiciais de uma resposta de estresse ao conflito.

O Programa P-ECD é um programa transformador de gênero, baseado em evidências, que busca desafiar e transformar normas de gênero restritivas e prejudiciais que frequentemente influenciam a interação parental com as crianças. O Programa P-ECD foi inicialmente desenvolvido e testado no Líbano, em parceria com a ABAAD, a Women and Girls Safe Spaces e a MenEngage Alliance Lebanon Network. O piloto constatou uma redução significativa no uso de disciplina física severa com crianças, aumento da participação ativa dos homens tanto no trabalho doméstico quanto no de cuidado, e melhora na comunicação entre o casal sobre suas próprias preocupações e sentimentos e os de suas parceiras.

Bandebereho – Ruanda

Desenvolvido por RWAMREC e Equimundo, Bandebereho (que significa modelo a seguir (em Kinyarwanda) é uma intervenção para casais implementada pelo sistema de saúde de Ruanda. Bandebereho, inspirado no Programa P, foi desenvolvido como parte do projeto MenCare+ e avaliado por meio de um ensaio clínico randomizado. O estudo demonstrou o impacto da intervenção em uma série de desfechos de saúde e de gênero, incluindo violência por parceiro íntimo, uso de contraceptivos, frequência de cuidados pré-natais por mulheres e acompanhamento por homens, tomada de decisões domésticas e violência contra crianças.

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Paternar – Colômbia

O Paternar é uma adaptação do Programa P na Colômbia, projetado para envolver homens (e suas parceiras) como pais atenciosos, equitativos e responsáveis de crianças de 0 a 5 anos. Entre 2020 e 2022, a Equimundo e a Fundación Centro Internacional de Educación y Desarrollo Humano (CINDE) adaptaram o Programa P com foco no desenvolvimento da primeira infância para o contexto colombiano. O programa foi lançado inicialmente em Bogotá com 180 pais e mães migrantes da Venezuela e vítimas do conflito armado colombiano, e alcançou 228 crianças na primeira infância e 101 crianças com mais de 5 anos. O Paternar agora é implementado em uma modalidade híbrida (digital e presencial). Saiba mais sobre o Paternar. aqui.

Avaliações

Global

Para compreender o sucesso do Programa P, a Equimundo conduziu uma revisão de métodos mistos das adaptações do Programa P em mais de uma dúzia de países. Esta revisão busca consolidar o aprendizado obtido com as avaliações existentes das adaptações do Programa P e a riqueza de conhecimento prático dos adaptadores e implementadores do programa. Ela identifica os componentes principais ou elementos essenciais que orientam a adaptação e a implementação eficazes e de alta qualidade do Programa P, bem como os desafios e as restrições comuns, que podem apoiar os profissionais interessados em adaptar, implementar e avaliar programas parentais transformadores de gênero em outros contextos.

Leia a revisão dos principais componentes das adaptações do Programa P aqui.

Bandebereho – Ruanda

Resultados de múltiplos ensaios clínicos randomizados (ECR) sobre a adaptação do Programa P em Ruanda, Bandebereho, revelam os poderosos impactos deste programa direcionado e transformador de gênero nos desfechos de saúde e violência. Os resultados mostram que, quase dois anos após a participação no programa, os homens têm quase metade da probabilidade de usar violência contra suas parceiras e passam quase uma hora a mais por dia realizando tarefas domésticas. Seis anos após o programa, nossos resultados mostram uma redução sustentada na violência familiar, incluindo violência contra mulheres e crianças, e os casais relatam melhora na busca por saúde materna, no envolvimento paterno e na divisão do trabalho doméstico e na tomada de decisões.

Leitura adicional sobre os efeitos da intervenção Bandebereho em Ruanda:

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Nicarágua

Os resultados qualitativos da implementação do Programa P também demonstraram mudanças positivas na vida dos homens e de suas famílias. Jovens pais na Nicarágua, um dos locais onde o Programa P foi testado, relataram melhora no relacionamento com seus filhos e parceiras, bem como maior participação nas tarefas domésticas e no cuidado das crianças. Além disso, em uma parceria entre a World Education e a Equimundo, homens no Sri Lanka aprenderam a lidar com emoções difíceis e relataram uma redução no abuso de substâncias entre eles e suas parceiras. Além disso, muitos dos homens e funcionários envolvidos continuaram a disseminar as mensagens do programa em suas comunidades e recrutaram outros homens para participar.

Bolívia

Outra avaliação qualitativa da implementação do Programa P em El Alto, Bolívia, constatou que o programa gerou mudanças em atitudes e papéis de gênero, incluindo homens dedicando mais tempo aos cuidados e tarefas domésticas, mulheres com maior capacidade de tomada de decisão em casa e menor tolerância de homens e mulheres à disciplina violenta de crianças. No entanto, muitos homens continuaram a deter o poder de decisão final em suas famílias e a usar castigos físicos severos para disciplinar as crianças. Este estudo, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, reflete a evidência mais ampla de que mudar atitudes, comportamentos e normas de gênero leva tempo e não é viável em poucas sessões. Além disso, isso mostra que a adaptação do programa precisa não apenas ser informada por uma compreensão profunda de como o currículo interage com um contexto específico (neste caso, um contexto urbano entre famílias indígenas que enfrentam múltiplas formas de adversidade), mas, além disso, precisa ser testada para testar sua relevância, aceitabilidade e viabilidade no contexto específico e revisada adequadamente, antes da realização de avaliações experimentais.

Leitura adicional: Lições aprendidas com a implementação do Programa Parental P na Bolívia para prevenir a violência familiar

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